Nesta continuação, os produtores tiveram o maior cuidado possível para que não vazasse nada do filme antes da estréia, para não correr o risco de ver DVDs piratas por aí antes mesmo do filme entrar em cartaz, como aconteceu com o primeiro. Para isso, o Diretor José Padilha não gravou nenhuma cópia em DVD, mas somente em rolo de projeção, distribuindo pessoalmente a película para todas as salas de cinema que estão exibindo o filme no Brasil. Ainda, explica o tão elevado número de espectadores que o filme vem tendo, visto que ninguém conseguiu piratear o filme antes de seu lançamento.
“Tropa de Elite 2” possui o mesmo diretor do primeiro filme, José Padilha, que faz mais um trabalho espetacular e inovador. Além disso, mantém a base do elenco do primeiro filme, com Wagner Moura no papel do marcante Nascimento, agora Coronel, e os demais personagens da trama, com André Ramiro, Milhem Cortaz e Maria Ribeiro. Conta ainda com participações especiais como a de Seu Jorge, como líder do Comando Vermelho em Bangu I, e, Dudu Nobre, que não se consegue identificar em nenhuma cena, mas compõe os figurantes do BOPE.
Bom, o que falar de “Tropa de Elite 2”? É melhor do que o primeiro? SIM! O filme evoluiu, adquiriu um caráter crítico, político. O primeiro tem como principal objetivo chocar seus espectadores, mostrar a corrupção dentro da polícia, expor os mecanismos e esquemas mais absurdos que ela usa para se manter no mundo dos crimes, e, ainda, a violência, a tortura, que acontecem nas favelas e morros das grandes cidades. O segundo é mais denso, os personagens ganham uma maior carga dramática e psicológica, além de nos mostrar com perfeição que “o sistema” não se restringe a polícia e ao tráfico, mas é algo bem mais amplo que isso, englobando toda a estrutura política do país.
O filme faz pesadas críticas à política do nosso país. Mostra como as pessoas honestas e íntegras, que tem o sentimento e a vontade para mudar os rumos do país, são absorvidas pelo “sistema”, tornando-se inoperantes dentro de tamanha corrupção. Expõe como os políticos utilizam e manobram a classe mais pobre da população para seus próprios interesses, como base eleitoral, meio para angariar fundos, e local para esconder as ilegalidades das campanhas, não tendo nenhum interesse que a situação da comunidade melhore, pois perderiam todo esse amparo, que, infelizmente, sustenta a política do Brasil.
No entanto, o filme não se limita a isso. Ele é eletrizante, carismático, engraçado, dinâmico. Consegue manter a ação do primeiro filme, não se sabe o que vai acontecer na cena seguinte. Traz novos bordões, no estilo dos consagrados: “Pede pra sair!”, “Não vai subir ninguém!”, “Nunca serão!”, que marcaram o imaginário popular, sendo repetidos durante meses por todos que apreciaram o filme.
As atuações são magistrais, tanto dos heróis como dos vilões da trama. O espectador sente a vontade constante de poder ajudar o Coronel Nascimento de alguma forma em sua luta contra a corrupção, bem como de acabar com os políticos e policiais corruptos que alimentam o “sistema” e destroem a vida da população.
Finalmente, esta é a lição que o filme passa, nós podemos ajudar, nós podemos nos manifestar, nós temos como mudar e acabar com o sistema, através do nosso voto consciente, da nossa honestidade, integridade, que deve nos fazer eleger representantes que objetivam o bem maior da sociedade, e não apenas a satisfação de seus interesses pessoais.
Assim, encerro por aqui, desejando que todos continuem assistindo a “Tropa de Elite 2”, pois é uma fantástica obra do cinema brasileiro, que precisa ser valorizada à altura. Se ainda não tiverem visto nenhum dos dois e desconheçam a mítica do BOPE & Cia, assistam, vale muito a pena! Comentem aqui o que acharam do filme. Segue o trailer.